terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Um gigante chamado CCR

Guilherme Lisboa

A concessionária RodoAnel é a mais nova componente do Grupo CCR, que é uma associação gigante de empresas concessionárias de rodovias. A empresa CCR foi fundada há 10 anos e hoje controla 1.484 quilômetros de rodovias, tendo se transformado na maior do Brasil no segmento e em uma das maiores da América Latina.

Dentre as concessionárias que integram o Grupo CCR está a ViaOeste, que administra o sistema Castelo Branco-Raposo Tavares e outras rodovias menores.

O Grupo CCR é composto ainda pelas concessionárias AutoBan (SP), NovaDutra (SP-RJ), Ponte S.A. (RJ), ViaLagos (RJ) e RodoNorte (PR). Além disso, a CCR tem participação de 40% na concessionária Renovias (administradora das rodovias que ligam Campinas ao sul de Minas Gerais) e de 10% na concessão da Northwest Parkway (localizada em Denver, no Colorado, EUA).

Concessionária vai lucrar R$ 2,16 trilhões com Rodoanel

Foto: Edson Dário

Montante da arrecadação, em 30 anos de contrato, é 864 vezes maior do que valor que será investido. E isso sem levar em conta os reajustes anuais do pedágio

Guilherme Lisboa


R$ 2,16 trilhões. Este é o valor que a concessionária RodoAnel, responsável pela administração do trecho Oeste do Rodoanel Mário Covas, vai embolsar com a cobrança do pedágio, durante os 30 anos de vigência do contrato de concessão. O pedágio começou a ser cobrado na última quarta-feira, com tarifa de R$ 1,20 para veículos simples. Já caminhões e ônibus pagam o mesmo valor por cada eixo que compõe o veículo.

O início da cobrança (em 13 praças de pedágio, implantadas em todos os acessos do trecho) foi marcado por lentidão no tráfego e por protestos, mas também foi marcado pelo anúncio do lucro diário da empresa com a arrecadação da tarifa: cerca de R$ 200 mil por dia. O trecho registra passagem diária de 145 mil veículos, sendo 78% de carros de passeio e o restante de caminhões e ônibus. Assim, a média de veículos multiplicada pela tarifa simples resulta em R$ 174 mil de arrecadação por dia, valor que atinge R$ 200 mil devido aos eixos excedentes dos veículos pesados.

Se os pedágios continuaram rendendo R$ 200 mil por dia, a concessionária vai lucrar R$ 6 milhões por mês. Isto significa R$ 72 milhões anualmente. E, levando em consideração os 30 anos de vigência do contrato de concessão, assinado entre a empresa e o Governo do Estado, o lucro salta para R$ 2,16 trilhões ao término das três décadas.

864 vezes mais
O cálculo que prevê a arrecadação de R$ 2,16 trilhões durante o período de concessão leva em conta o rendimento da tarifa atual. Considerando os reajustes anuais de pedágio, o valor total a ser embolsado pela empresa é muito mais alto.

Ainda assim, o valor é 864 vezes maior do que os valores pagos pela concessão e previstos para investimentos, que somam R$ 2,46 bilhões. A outorga pela concessão é de “apenas” R$ 2 bilhões, e pode ser paga para o Estado em até dois anos. Já os investimentos somam R$ 465 milhões em obras de melhoria dos acessos e dos pavimentos, além da construção de vias marginais e passarelas.

Dinheiro de quem?
A aprovação para a cobrança do pedágio, pelo governador José Serra (PSDB), ainda gera polêmica. Isso porque o tucano descumpriu a promessa do seu colega de partido, o ex-governador Mário Covas, de que o anel viário seria construído para interligar as principais rodovias estaduais com o critério de que não houvesse cobrança de pedágio.

Além de “esquecer” a promessa, a atual gestão propôs que a tarifa do pedágio fosse de R$ 4. Após manifestações de parlamentares, o governo recuou e apresentou a tarifa de R$ 3, mas durante o leilão o martelo foi batido em R$ 1,20.

Agora, a concessionária vai obter altos lucros com o pedágio no trecho Oeste do Rodoanel, que foi construído com dinheiro público. O trecho foi entregue em outubro de 2002, mas as obras começaram em 1998. A construção custou R$ 1,3 bilhão aos contribuintes, sendo R$ 902,5 milhões vindos dos cofres estaduais e R$ 397,5 milhões financiados pelo Governo Federal.

Matéria publicada no Diário da Região em 23/12/08: http://www.webdiario.com.br/?din=view_noticias&id=28636&search=pedágio%20guilherme%20lisboa

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Obras no Cebolão devem começar ainda em dezembro

ViaOeste assinou contrato com Artesp e já tem aval para iniciar obras, com término previsto para dezembro de 2009, nova data divulgada para início da cobrança ampliada

Guilherme Lisboa


A ViaOeste, concessionária responsável pela rodovia Castelo Branco, já tem carta branca para iniciar as obras do “pacote anti-congestionamento” no Cebolão, condição para o início da cobrança ampliada de pedágio em todas as pistas.

O anúncio foi realizado, ontem, pela Artesp (Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo), órgão da Secretaria Estadual de Transportes responsável pelo controle dos programas de concessão. A agência confirmou a assinatura do termo de inclusão para a expansão da cobrança (espécie de contrato de concessão das pistas expressas).

Com isso, as obras devem ser iniciadas ainda este mês, e têm previsão de conclusão para dezembro de 2009. “O fim das obras em dezembro do ano que vem já é data certa, e quando isso acontecer, a concessionária pode executar a cobrança de imediato”, informou a assessoria da Artesp. A nova previsão antecipa em dois anos o pagamento de tarifa nas pistas centrais, o que era previsto inicialmente, pela ViaOeste, apenas para 2011.

Versão resumda de matéria publicada no Diário da Região em 19/12/08. Leia na íntegra: http://www.webdiario.com.br/?din=view_noticias&id=28577&search=pedágio%20guilherme%20lisboa

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

"Presente do governador Serra ao povo paulista: pedágios"

Essa era a inscrição das faixas utilizadas ontem em protesto contra pedágio no Rodoanel. Primeiro dia de cobrança teve muita lentidão e dez motoristas foram retidos por não possuirem dinheiro da tarifa

Guilherme Lisboa

Foto: Edson Dário
O início da cobrança de pedágio no trecho Oeste do Rodoanel Mário Covas, ontem, foi marcado por protestos e por lentidão no trânsito. Desde a meia-noite de quarta-feira, os motoristas têm que pagar R$ 1,20 para andar pela rodovia, que foi construída pelo Governo do Estado sob a alegação de ser um anel viário não-pedagiado para interligar as principais rodovias estaduais.

O “esquecimento” da promessa do tucano Covas, pelo também tucano Serra, foi o que levou um grupo de manifestantes a realizar protestos, ontem, em frente à praça de cobrança construída no trevo do Padroeira, em Osasco. “Queríamos mostrar para os motoristas que trafegavam pela rodovia o absurdo desta cobrança, e recebemos apoio”, conta Valdir Fernandes, o Tafarel, coordenador do Movimento Rodoanel Livre, composto por parlamentares e sindicatos.

O protesto foi realizado da 7h30 às 9h, e mesmo com poucas pessoas e sem bloquear pistas, conseguiu chamar a atenção, através das faixas e cartazes levados pelo grupo e que traziam a mensagem “Presente do governador Serra ao povo paulista: pedágios”.

Carros retidos
O primeiro dia de cobrança também foi marcado por lentidão em alguns pontos. Segundo a concessionária RodoAnel, empresa responsável pelo trecho Oeste, o maior acúmulo de veículos aconteceu na praça 8 (Castelo Branco- externa), sentido Interior, por volta das 8h30.

Alguns motoristas foram “pegos de surpresa” pelo pedágio e demoraram a “juntar as moedas”. Apenas no período da manhã, dez carros chegaram a ficar retidos, nas saídas para Perus e para a rodovia Castelo Branco, porque os motoristas não traziam dinheiro. Eles só foram liberados após assinarem um termo de compromisso de que iriam pagar a tarifa em prazo de 72 horas.

Novos protestos
O Movimento Rodoanel Livre anunciou novas manifestações, para amanhã, no Rodoanel. Mas, desta vez, o protesto vai ser diferente. Um comboio de carros vai pagar a tarifa usando, apenas, moedinhas de R$ 0,01, para dificultar a contagem dos funcionários. “Estamos reunindo as moedas, por meio de bancos e comércios, e pretendemos atravessar as praças de pedágio com vários carros”, afirma Tafarel.

Versão resumida de matéria publicada no Diário da Região em 18/12/08. Leia na íntegra: http://www.webdiario.com.br/?din=view_noticias&id=28519&search=pedágio%20guilherme%20lisboa

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Começa cobrança de pedágio no Rodoanel

Foto: Edson Dário
Concessionária passa a cobrar R$ 1,20 a partir de amanhã, em 13 praças de pedágio espalhadas por 32 quilômetros de pistas. Motorista paga tarifa apenas uma vez

Guilherme Lisboa

Agora é pra valer. A partir da meia-noite de amanhã os motoristas vão ter que pagar para trafegar no trecho Oeste do Rodoanel Mário Covas, complexo viário que surgiu de uma proposta do Governo do Estado para interligar as principais rodovias estaduais, e sem cobrança de pedágio. A promessa foi esquecida, e a partir de amanhã os veículos simples vão ter que deixar R$ 1,20 para andar na rodovia. Já caminhões e ônibus vão gastar este mesmo valor por cada eixo que compõem o veículo.

O sistema de cobrança começa com 13 praças de pedágio, contando com 95 cabines. As praças vão abranger todos os acessos do trecho Oeste da rodovia, inclusive o trevo do Jardim Padroeira, em Osasco. Sendo assim, os acessos das rodovias Raposo Tavares, Castelo Branco, Anhangüera, Régis Bittencourt e Bandeirantes também contam com praças. Até mesmo a futura conexão com o trecho Sul do Rodoanel (que ainda será construído) vai ser pedagiada.

Aliás, o financiamento da construção do trecho Sul foi o pretexto do Governo do Estado para conceder o trecho Oeste para a iniciativa privada. A empresa RodoAnel vai ter que pagar para o Estado, em no máximo 24 meses, a soma de R$ 2 bilhões, como outorga pela concessão. Segundo o Governo, todo este dinheiro será revertido para as obras da conexão Sul. Para “abocanhar” uma fatia maior de recursos, a atual gestão do governo estadual propôs, inicialmente, a cobrança de R$ 4 de pedágio. Após manifestações de parlamentares a tarifa foi revista para R$ 3, mas, durante o leilão, o martelo bateu no valor apresentado pela vencedora, de R$ 1,17 (que já sofreu reajuste para R$ 1,20).

Pedágio vai prejudicar trânsito de Osasco
O secretário de Serviços Municipais da Prefeitura de Osasco, Luciano Jurcovich, criticou o início da cobrança de pedágio no Rodoanel e acredita que a medida vai gerar reflexos no trânsito da cidade. “Os bairros de Osasco que ficam próximos à rodovia vão receber veículos fugindo da tarifa, o que significa mais trânsito”, avalia Luciano. Ele também ressaltou os problemas que veículos pesados, como caminhões, que tomarem a cidade como “rota de fuga”, podem causar ao pavimento, que vai sofrer danos.

Versão resumida de matéria publicada no Diário da Região em 16/12/08. Leia na íntegra: http://www.webdiario.com.br/?din=view_noticias&id=28459&search=pedágio%20guilherme%20lisboa

sábado, 13 de dezembro de 2008

Serra promete novos acessos a Osasco para compensar pedágios

Governador disse que, como "indenização" pela expansão da cobrança na Castelo, também pode construir acessos alternativos para Barueri. Prefeituras reclamam que cidades vão virar “rota de fuga”

Guilherme Lisboa

Os municípios da região podem receber acessos alternativos à rodovia Castelo Branco, como espécie de “reparo” aos danos causados pela expansão da cobrança de pedágio para todas as pistas da rodovia. O projeto de cobrança ampliada já foi aprovado pelo Governo do Estado, e o contrato com a ViaOeste, concessionária responsável pela rodovia, deve ser assinado ainda este ano. Mesmo antes do início da cobrança, a 'nova cartada' do governador José Serra já vem sendo criticada pelos motoristas da região e também pelas prefeituras.

O governador propôs discutir a construção de novos acessos, na última quarta-feira, para aliviar os prejuízos, caso sejam comprovados. “Apesar dos municípios já receberem o repasse de ISS [Imposto Sobre Serviços], vindo do pedágio cobrado na rodovia, estou disposto a sentar com as prefeituras de Osasco e Barueri para estudar alguma alternativa, se as cidades realmente se prejudicarem”, declarou.

O 'anúncio' foi bem recebido pela prefeitura de Osasco. “Acho fundamental a criação de acessos alternativos. Até porque, na maioria das vezes, as viagens são curtas, como de Barueri para Osasco. Nossa cidade, hoje, é principal pólo de origem e de destino na região”, avalia Luciano Jurcovich, secretário de Serviços Municipais. Mas ele critica a ampliação da cobrança de pedágio. “Pagar tarifa para circular dentro da nossa região não tem cabimento. E vai dificultar, ainda por cima, a integração das cidades”, reclama Luciano.

A prefeitura de Barueri também acredita que a construção de acessos alternativos pode atenuar os transtornos. “Novos acessos vão ser muito importantes”, avalia Rinaldo Honda, diretor do Demutran, que completa “mas, além disso, ainda é preciso a construção de novas ligações entre Barueri e a rodovia Raposo Tavares e entre a região do Tamboré e a rodovia Anhangüera”.

Prejuízos para a região
Para Luciano, Osasco “com certeza” vai virar rota de fuga de motoristas que vão tentar escapar do pedágio na pista expressa. “Se hoje já sofremos com os carros que fogem das pistas marginais, com o início da cobrança estendida a situação vai piorar. Além de aumentar o congestionamento no município, vai subir o índice de acidentes, já que as ruas vão ter mais carros trafegando, e o pavimento vai sofrer mais impacto”, explica o secretário.

Barueri também não está otimista com o futuro do trânsito na cidade após a implantação da cobrança ampliada. “O refluxo hoje já é muito grande. A nova medida vai causar, sim, muito transtorno, e o reflexo vai ser o congestionamento, principalmente, no Centro e nas saídas da Marechal Rondon e da Anhangüera”, destaca Honda. Ele também acredita que os moradores dos municípios vizinhos vão utilizar as ruas da cidade como “rota de fuga”. “Isto, hoje, já acontece com motoristas de Osasco e de Carapicuíba. Agora, provavelmente, os desvios vão ser feitos também pelos motoristas de Pirapora e de Santana de Parnaíba”, conclui.

Versão resumida de matéria publicada no Diário da Região em 13/12/08. Leia na íntegra: http://www.webdiario.com.br/?din=view_noticias&id=28425&search=pedágio%20guilherme%20lisboa

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Obras atrasam e pedágio no Rodoanel fica para dia 15

Concessionária teve que adiar data porque não concluiu construção das praças de pedágio. A partir desta quinta, será feita simulação de cobrança

Guilherme Lisboa

Foto: Edson Dário
A cobrança de pedágio no trecho Oeste do Rodoanel Mário Covas, prevista para ter início ontem, teve que ser adiada pela concessionária RodoAnel, responsável pela administração do trecho, para daqui a duas semanas, no dia 15 de dezembro. O remanejamento da data aconteceu porque a empresa não conseguiu concluir a tempo a construção de todas as praças de pedágio.

Algumas praças estão semifinalizadas, e os veículos já passam por dentro das cabines. Mas em outros pontos, as obras ainda não entraram em fase de acabamento. Ao todo, o percurso recebe hoje 95 cabines, espalhadas por 13 praças de cobrança, que vão abranger todos os acessos do trecho, inclusive o trevo do Jardim Padroeira, em Osasco. Sendo assim, as entradas e saídas das rodovias Raposo Tavares, Castelo Branco, Anhangüera, Régis Bittencourt e Bandeirantes também recebem praças de pedágio. Até mesmo a futura conexão com o trecho Sul do Rodoanel (que ainda será construído) vai ser pedagiada.

Além disso, antes de dar largada à cobrança de tarifa, as praças construídas pela concessionária tem que ser avaliadas e aprovadas pela Artesp (Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Transportes e que é responsável pelo controle dos programas de concessão. Após o aval da agência, o Governo do Estado precisa publicar resolução no Diário Oficial autorizando a cobrança, mas, até o momento, não está agendada, nem ao menos, a vistoria.

Versão resumida de matéria publicada no Diário da Região em 02/12/08. Leia na íntegra: http://www.webdiario.com.br/?din=view_noticias&id=28108&search=pedágio%20guilherme%20lisboa